indignar-se
diante o extremo
ora, essa é fácil
só o doentio faz
nem todo homem
mas cultura do estupro
nasce dos detalhes
da bandeja de carne
mal passada e saborosa
exibida na vitrine das ruas
que você declama
oh lá em casa
da exaltação a seu falo
solução dos problemas
estresse, depressão, opinião
tem que experimentar
nasce da saia curta
que pede o toque,
o olhar malicioso
e uma passada de mão
não pode recusar
nasce do seu instinto
ele não sabe controlar
você sabe como homem é
ela tem perna pra fechar
não tem força pra tirar?
mas ele é meu namorado
tio, professor, amigo
não fez por mal
não preciso contar
nasce do batom escuro
de puta, exibida
quer provocar
do copo de álcool
mais um, a garrafa
só um beijinho
como ousa negar?
tá dançando promíscua?
não vá reclamar
não gosta de elogio?
fica em casa!!!
a rua não é seu lugar
trancada no quarto
pro parente não pegar
a piada que não bate
em ninguém
pare de exagerar
da sanidade mental estragada
da palavra investigada
meu relato não vale nada
me obrigam a recuar
me batem todos os dias
calam minha voz
me fazem sangrar
com as mãos
com as palavras
com seus órgãos
me tiram a visão
forçam o meu paladar
vocês podem nos matar
sabem disso
e o fazem
numa estatística
que já cansei de contar
tentam nos apartar
de uma em uma
por dois, três e trinta
pois sabem
que a gente entende
cada pancada
cada ferida
cada cicatriz
que se abre novamente
e custa a fechar
somos nós por nós
não estamos,
somos juntas
a força do luto
e a força de lutar
vocês não vão nos derrubar.
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