domingo, 29 de maio de 2016

33

indignar-se
diante o extremo
ora, essa é fácil 
só o doentio faz
nem todo homem
mas cultura do estupro
nasce dos detalhes
da bandeja de carne
mal passada e saborosa
exibida na vitrine das ruas
que você declama
oh lá em casa 
da exaltação a seu falo
solução dos problemas
estresse, depressão, opinião 
tem que experimentar
nasce da saia curta
que pede o toque, 
o olhar malicioso 
e uma passada de mão 
não pode recusar 
nasce do seu instinto 
ele não sabe controlar
você sabe como homem é
ela tem perna pra fechar 
não tem força pra tirar?
mas ele é meu namorado
tio, professor, amigo 
não fez por mal 
não preciso contar
nasce do batom escuro
de puta, exibida
quer provocar
do copo de álcool 
mais um, a garrafa
só um beijinho 
como ousa negar? 
tá dançando promíscua?
não vá reclamar 
não gosta de elogio?
fica em casa!!!
a rua não é seu lugar
trancada no quarto
pro parente não pegar
a piada que não bate
em ninguém
pare de exagerar 
da sanidade mental estragada
da palavra investigada
meu relato não vale nada 
me obrigam a recuar
me batem todos os dias
calam minha voz
me fazem sangrar
com as mãos
com as palavras
com seus órgãos
me tiram a visão
forçam o meu paladar
vocês podem nos matar 
sabem disso 
e o fazem 
numa estatística
que já cansei de contar
tentam nos apartar
de uma em uma
por dois, três e trinta
pois sabem 
que a gente entende
cada pancada 
cada ferida 
cada cicatriz
que se abre novamente
e custa a fechar
somos nós por nós 
não estamos,
somos juntas
a força do luto 
e a força de lutar
vocês não vão nos derrubar.

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