quinta-feira, 5 de maio de 2016

questão de pontuação: minhas vírgulas sem pontos finais

beleza atrativa à primeira vista
que vive num paradoxo inventado
não se esquece e não transborda
gritos, filmes, imagens e palavras
girando rápido na roda viva mental
da menina que parece não pausar
tudo ao redor acelera, e assim segue
percebo que nada me acompanha
mas corro como se ficasse para trás

eu sei que a vida é um labirinto
e estou com a planta desde ontem
estudando cada ruela desenhada
ignorando você estudar a mim
o meu olhar não evita enquadrar
todos os desvios do meu caminho
enquanto você admira os castanhos
que sorriem durante a sua fala
para disfarçar a mente que não para

pareço perdida ao checar cada detalhe
quando sei exatamente onde chegarei
eu não descanso e sei que me exausto
mas respirar voluntariamente é tempo
perdido, um segundo e já foram dois
as trinta e três aferições que faço
é que não parecem ocupar espaço
na mente que nem cabe uma agulha
acupuntura, costura ou de palheiro

não vai fazer sentido algum ao ler
assim como tudo que tento entender
justamente na única hora de descansar
eu queria dormir, mas isso é agora
eu deixo de viver por viver demais
não parece loucura para você?
deve ser divertido se envolver
nesse mistério de uma montanha-russa
que é frio na barriga mesmo sem descida

eu falo demais, eu sei, sinto o triplo
ponho a culpa nos astros e me culpo
esquecendo do coração acelerado
que não me permite parar um segundo
o tique-taque ecoa em minha mente
enquanto me prende mais do que deveria
a curiosidade natural chama atenção
e o mistério envolve por fração de tempo
que percebe rápido a melancolia

e chega a hora que o jogo perde a graça
quando você não se torna parte dele
por tanta proteção, eu o amedrontei
não te culpo ao desinteressar logo
sei pareço vazia quando escolho flutuar
e me fechar na bolha que eu mesma criei
mas é tudo milimetricamente planejado
desde a caneta alinhada na mesa do quarto
ao último passo dado em que tropecei

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